O cristão pode ocupar cargo político?

Apesar de as Escrituras Sagradas não proibirem expressamente o cristão de ocupar um cargo político, eu não recomendaria a nenhum dos meus irmãos a entrarem nesse universo perigoso, onde as corrupções, disputas, acusações, desavenças, iras e inimizades são frequentes, isso no Brasil.

O Brasil não é como a Dinamarca, Nova Zelândia ou Finlândia, que foram, respectivamente, os três países mais bem avaliados em 2014 pela organização Transparência Internacional por registrarem o menor índice de corrupção, de acordo com a avaliação da população desses países.

Vivemos num país tradicionalmente conhecido pela sua corrupção, que alcança todas as camadas de poder e que tem desviado muitos cristãos que alcançam um cargo político. Talvez o maior responsável por isso seja o amor ao dinheiro.

“Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda a espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores. Mas tu, ó homem de Deus, foge destas coisas, e segue a justiça, a piedade, a fé, o amor, a paciência, a mansidão. Milita a boa milícia da fé, toma posse da vida eterna, para a qual também foste chamado, tendo já feito boa confissão diante de muitas testemunhas.” (1 Timóteo 6:10-12)

Um cristão poderá mudar o mundo para melhor, caso seja investido em algum cargo de poder?

O Senhor Jesus Cristo nos disse que até o fim, a iniquidade será multiplicada e que o amor de muitos esfriará por causa disso (Mateus 24:12). Isso significa que o mundo será cada vez pior, cada vez mais iníquo. Contra essas verdades, quem poderá lutar?

Será mais proveitoso orar pelas pessoas e evangelizá-las, pregando a Palavra de Deus, que tem poder para nos preparar para viver no reino de Deus, na nova Jerusalém, para sempre. A Bíblia nos ensina a orar pelos governantes (1 Timóteo 2:1-2), mas em nenhum momento nos diz para sermos esses governantes.

Devemos nos lembrar sempre de que a nossa verdadeira cidade não é a em que vivemos, mas a que esperamos do Senhor.

“Mas a nossa cidade está nos céus, de onde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo,” (Filipenses 3:20)

“E eu, João, vi a santa cidade, a nova Jerusalém, que de Deus descia do céu, adereçada como uma esposa ataviada para o seu marido.” (Apocalipse 21:2)

Um cristão pode entrar para a política? Até pode, mas acredito que não deve, para o seu próprio bem. Se achar que tem capacidade, esteja preparado para enfrentar as inúmeras investidas do diabo, por que muitos no meio político estão a serviço do mal.

No entanto, se a pergunta for: “um pastor pode ser político?” A resposta é não.

Em período eleitoral, é muito comum encontrarmos pastores se apresentando como candidatos. Para justificarem a candidatura, esses homens costumam falar de José do Egito, que foi escolhido por Deus para ser governador daquela nação.

É verdade que Deus escolheu José para ser governador do Egito, que escolheu os reis de Israel, e que escolhe até hoje todas as autoridades que estão em eminência (Romanos 13:1).

Porém nem José, nem Davi e nenhum dos outros descritos na Bíblia foram chamados para cuidar de pessoas (como pastor). Se quisermos usar um exemplo mais apropriado, utilizemos o apóstolo Pedro, porque este sim foi chamado para cuidar de ovelhas (pessoas). Para Pedro, Jesus repetiu três vezes a mesma coisa: “apascenta as minhas ovelhas”. Observe:

“E, depois de terem jantado, disse Jesus a Simão Pedro: Simão, filho de Jonas, amas-me mais do que estes? E ele respondeu: Sim, Senhor, tu sabes que te amo. Disse-lhe: Apascenta os meus cordeiros. Tornou a dizer-lhe segunda vez: Simão, filho de Jonas, amas-me? Disse-lhe: Sim, Senhor, tu sabes que te amo. Disse-lhe: Apascenta as minhas ovelhas. Disse-lhe terceira vez: Simão, filho de Jonas, amas-me? Simão entristeceu-se por lhe ter dito terceira vez: Amas-me? E disse-lhe: Senhor, tu sabes tudo; tu sabes que eu te amo. Jesus disse-lhe: Apascenta as minhas ovelhas.” (João 21:15-17)

Se um líder de rebanho realmente ama o Senhor Jesus, este homem deve apascentar as ovelhas e se empenhar nisso. Isso não o impede de trabalhar com as próprias mãos (1 Coríntios 4:12), mas como político não. Não há possibilidade de misturar as duas coisas. É como água e óleo.

Como político, o pastor não terá mais tempo para cuidar do rebanho, pois estará comprometido com o árduo trabalho de administrar e cuidar dos problemas de uma cidade, de um estado ou até mesmo de uma nação. As muitas reuniões e viagens fatalmente o afastarão da rotina de jejum, oração, meditação e estudo da Palavra de Deus e isso repercutirá negativamente na vida de todos os irmãos que são apascentados por aquele pastor.

O pastor pode trabalhar e isso é bom (2 Coríntios 12:14). Mas para não prejudicar o bom combate, é essencial que esse homem de Deus opte por trabalhos mais humildes. No lugar de um cargo gerencial em uma grande empresa (exige dedicação integral ao serviço e celular ligado o tempo todo), que tal algo mais simples, para ter mais tempo para a obra de Deus?

“Ninguém que milita se embaraça com negócios desta vida, a fim de agradar àquele que o alistou para a guerra.” (2 Timóteo 2:4)

Pedro, João, Tiago, Paulo, Estevão, todos eles foram servos de Deus e não se envolveram com política, nem se comprometeram com políticos. Alguns até pregaram para as autoridades (porque estas também precisam ouvir a Palavra de Deus), mas para isso eles não precisaram ocupar cargos de poder. Eles seguiram à risca o que Jesus lhes ensinou: “Apascenta minhas ovelhas.”

Por fim, e se a pergunta for “eu posso fazer campanha eleitoral na congregação?”, além de a legislação brasileira proibir esse tipo de campanha (Art. 37 da Lei 9.504/97), também o Senhor Jesus tem uma resposta para todos nós:

“Dizendo-lhes: Está escrito: A minha casa é casa de oração; mas vós fizestes dela covil de salteadores.” (Lucas 19:46)

Isso significa que o Dono da igreja não concorda com campanha política no meio da congregação, bazar beneficente para arrecadar fundos, cantina (venda de lanches) e nenhum outro tipo de comércio. Igreja não vende e não se reúne em nome do dinheiro, mas em nome do Senhor Jesus Cristo.

Igreja deve orar, adorar a Deus em espírito e em verdade, pregar a Palavra, e com as quantias oferecidas voluntariamente pelos irmãos, de acordo com a capacidade de cada um (1 Coríntios 16:2) e segundo aquilo que está proposto em cada coração (2 Coríntios 9:7), saldar as despesas mensais e distribuir bens aos necessitados.

 

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