A cruz de Cristo e a nossa

E era a preparação da páscoa, e quase à hora sexta; e disse aos judeus: Eis aqui o vosso Rei. Mas eles bradaram: Tira, tira, crucifica-o. Disse-lhes Pilatos: Hei de crucificar o vosso Rei? Responderam os principais dos sacerdotes: Não temos rei, senão César. Então, consequentemente entregou-lho, para que fosse crucificado. E tomaram a Jesus, e o levaram. E, levando ele às costas a sua cruz, saiu para o lugar chamado Caveira, que em hebraico se chama Gólgota, Onde o crucificaram, e com ele outros dois, um de cada lado, e Jesus no meio.” João 19:14-18

A morte no madeiro vai muito além da dor e do sofrimento ocasionados por esse tipo de morte. Ela tem um significado incrivelmente ruim para quem a ela é submetido, servindo como espécie de mensagem aos espectadores.

Ao ser crucificado, Jesus estava assumindo não somente a posição de um transgressor, mas também a de “maldito de Deus”:

“Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição por nós; porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado no madeiro;” Gálatas 3:13

“Quando também em alguém houver pecado, digno do juízo de morte, e for morto, e o pendurares num madeiro, O seu cadáver não permanecerá no madeiro, mas certamente o enterrarás no mesmo dia; porquanto o pendurado é maldito de Deus; assim não contaminarás a tua terra, que o Senhor teu Deus te dá em herança.” Deuteronômio 21:22,23

Os judeus não penduravam vivos no madeiro, mas tão somente cadáveres, após terem sido mortos de alguma outra maneira, como o apedrejamento, por exemplo.

Cristo foi pendurado no madeiro ainda vivo, após os açoites, porque a condenação foi aplicada por autoridade romana.

Embora a pena tenha sido aplicada por romanos, os quais não se importavam com o tempo de permanência do condenado na cruz, às vezes morrendo dois ou três dias depois por desidratação ou hipotermia, os judeus, porque era o dia da preparação, não iriam permitir que os crucificados permanecessem na cruz de um dia para o outro. Por causa disso, eles rogaram a pilatos para que quebrassem as pernas dos condenados para que morressem mais rapidamente por asfixia.

“Os judeus, pois, para que no sábado não ficassem os corpos na cruz, visto como era a preparação (pois era grande o dia de sábado), rogaram a Pilatos que se lhes quebrassem as pernas, e fossem tirados. Foram, pois, os soldados, e, na verdade, quebraram as pernas ao primeiro, e ao outro que como ele fora crucificado; Mas, vindo a Jesus, e vendo-o já morto, não lhe quebraram as pernas. Contudo um dos soldados lhe furou o lado com uma lança, e logo saiu sangue e água. E aquele que o viu testificou, e o seu testemunho é verdadeiro; e sabe que é verdade o que diz, para que também vós o creiais. Porque isto aconteceu para que se cumprisse a Escritura, que diz: Nenhum dos seus ossos será quebrado.” João 19:31-36

Ele citou a profecia que está nos Salmos 34:20:

“Ele lhe guarda todos os seus ossos; nem sequer um deles se quebra.”

A missão de Jesus era realmente desafiadora: Viver sem pecar e morrer dolorosamente como um terrível pecador, ao ponto de ser considerado o “maldito de Deus”. Mas ele estava mesmo disposto a ir até o final:

“E Jesus lhes respondeu, dizendo: É chegada a hora em que o Filho do homem há de ser glorificado. Na verdade, na verdade vos digo que, se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas se morrer, dá muito fruto. Quem ama a sua vida perdê-la-á, e quem neste mundo odeia a sua vida, guardá-la-á para a vida eterna. Se alguém me serve, siga-me, e onde eu estiver, ali estará também o meu servo. E, se alguém me servir, meu Pai o honrará. Agora a minha alma está perturbada; e que direi eu? Pai, salva-me desta hora; mas para isto vim a esta hora. Pai, glorifica o teu nome. Então veio uma voz do céu que dizia: Já o tenho glorificado, e outra vez o glorificarei.” João 12:23-28

Ao carregar o madeiro diante de todo o povo, Jesus estava se rebaixando ao mesmo nível dos transgressores comuns, mas sendo punido por um crime que Ele não havia cometido.

Jesus sabia que aquele momento de sofrimento e de desonra resultaria em um peso excelente de glória, da qual muitos fariam parte. Ele deixou-se mover pelo seu incrível amor e desejo de salvar, recebendo em si mesmo a condenação que era devida a nós, os que cremos, a fim de nos livrar da maldição da lei e nos salvar.

Mas a que maldição da lei as Escrituras se referem?

“Maldito quem não puser em prática as palavras desta lei”. Todo o povo dirá: “Amém! ” Deuteronômio 27:26

“Eis que hoje eu ponho diante de vós a bênção e a maldição; A bênção, quando cumprirdes os mandamentos do Senhor vosso Deus, que hoje vos mando; Porém a maldição, se não cumprirdes os mandamentos do Senhor vosso Deus, e vos desviardes do caminho que hoje vos ordeno, para seguirdes outros deuses que não conhecestes.” Deuteronômio 11:26-28

“Todos aqueles, pois, que são das obras da lei estão debaixo da maldição; porque está escrito: Maldito todo aquele que não permanecer em todas as coisas que estão escritas no livro da lei, para fazê-las.” Gálatas 3:10

Portanto, a maldição da lei refere-se ao fato de que o homem, mesmo querendo acertar, sempre cometerá erros e assim jamais escapará da condenação. A lei, em si, não é maldição, mas o fato de não conseguirmos cumpri-la para obter a salvação, isso é maldição. Cristo nos resgatou desta maldição, porque agora a nossa salvação não depende do cumprimento integral da lei, mas da fé no Senhor Jesus.

“Ora, nós sabemos que tudo o que a lei diz, aos que estão debaixo da lei o diz, para que toda a boca esteja fechada e todo o mundo seja condenável diante de Deus. Por isso nenhuma carne será justificada diante dele pelas obras da lei, porque pela lei vem o conhecimento do pecado. Mas agora se manifestou sem a lei a justiça de Deus, tendo o testemunho da lei e dos profetas; Isto é, a justiça de Deus pela fé em Jesus Cristo para todos e sobre todos os que crêem; porque não há diferença. Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus; Sendo justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus. Ao qual Deus propôs para propiciação pela fé no seu sangue, para demonstrar a sua justiça pela remissão dos pecados dantes cometidos, sob a paciência de Deus;” Romanos 3:19-25

Como visto, Cristo tinha muitos motivos para rejeitar a sua cruz, porém por causa da missão de nos salvar, perseverou.

A NOSSA CRUZ:

“Quem ama o pai ou a mãe mais do que a mim não é digno de mim; e quem ama o filho ou a filha mais do que a mim não é digno de mim. E quem não toma a sua cruz, e não segue após mim, não é digno de mim.” Mateus 10:37,38

Tomar a cruz e carregá-la é uma tarefa difícil, que demanda muito esforço e perseverança. Todavia o fato de Cristo não ter abandonado a própria cruz deve nos animar a fazer o mesmo, ainda que diante de muitas dificuldades.

A cruz pode representar uma doença ou incapacidade, a perda de um parente próximo, perseguição por motivo de fé, injúrias, a luta do espírito contra a carne, crise financeira, dentre muitas outras situações.

Adversidades não faltam na vida de um cristão sincero. Vejamos algumas referências que nos alertam para isso:

“Respondeu Jesus: “Digo-lhes a verdade: Ninguém que tenha deixado casa, irmãos, irmãs, mãe, pai, filhos, ou campos, por causa de mim e do evangelho, deixará de receber cem vezes mais já no tempo presente casas, irmãos, irmãs, mães, filhos e campos, e com eles perseguição; e, na era futura, a vida eterna.” Marcos 10:29,30

“E também todos os que piamente querem viver em Cristo Jesus padecerão perseguições.” 2 Timóteo 3:12

“Confirmando os ânimos dos discípulos, exortando-os a permanecer na fé, pois que por muitas tribulações nos importa entrar no reino de Deus.” Atos 14:22

“Por isso sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias por amor de Cristo. Porque quando estou fraco então sou forte.” 2 Coríntios 12:10

“De maneira que nós mesmos nos gloriamos de vós nas igrejas de Deus por causa da vossa paciência e fé, e em todas as vossas perseguições e aflições que suportais;” 2 Tessalonicenses 1:4

“E, chamando os apóstolos, e tendo-os açoitado, mandaram que não falassem no nome de Jesus, e os deixaram ir. Retiraram-se, pois, da presença do conselho, regozijando-se de terem sido julgados dignos de padecer afronta pelo nome de Jesus. E todos os dias, no templo e nas casas, não cessavam de ensinar, e de anunciar a Jesus Cristo.” Atos 5:40-42

“Porque tenho para mim, que Deus a nós, apóstolos, nos pôs por últimos, como condenados à morte; pois somos feitos espetáculo ao mundo, aos anjos, e aos homens. Nós somos loucos por amor de Cristo, e vós sábios em Cristo; nós fracos, e vós fortes; vós ilustres, e nós vis. Até esta presente hora sofremos fome, e sede, e estamos nus, e recebemos bofetadas, e não temos pousada certa, E nos afadigamos, trabalhando com nossas próprias mãos. Somos injuriados, e bendizemos; somos perseguidos, e sofremos; Somos blasfemados, e rogamos; até ao presente temos chegado a ser como o lixo deste mundo, e como a escória de todos.” 1 Coríntios 4:9-13

Se o caminho percorrido pelo Senhor Jesus foi difícil, e se nós realmente o seguimos, então o nosso com certeza também o será. Mas assim como o Cristo foi, ao final de tudo, glorificado e ressuscitado, assim também nós seremos.

Não importa qual o peso da cruz que carregamos, isso não vai durar para sempre. Lembremo-nos de que todo e qualquer mal deste mundo é apenas transitório e insignificante, diante da eternidade de paz na glória que nos aguarda.

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